O ator Nizo Neto participa de um talk show no Congresso e falará sobre a morte do filho que surtou depois de tomar o chá alucinógeno

Assessoria ABEAD

Desde que perdeu o filho, Rian Brito, aos 26 anos, em 2016,  depois de um surto psicótico ao consumir o chá de ayahuasca, o ator e comediante Nizo Neto, 59 anos, tem alertado sobre os riscos do alucinógeno utilizado em diversos rituais religiosos no Brasil, Colômbia e Peru, por exemplo. O assunto, que é um dos temas em debate no XXVII Congresso da Associação Brasileira de Estudos de Álcool e Drogas (ABEAD), foi destaque no site UOL, desta semana, sobre o  boom das cerimônias com uso do chá de ayahuasca na América do Sul.

A reportagem de Matheus Andrade, de Medellín, mostra como o ritual e alucinógeno dos indígenas está sendo utilizado como uma atração turística pela Colômbia e por outros países com territórios de floresta amazônica, como Brasil e Peru. No Congresso da ABEAD, o ator vai expor a luta para que autoridades brasileiras regularizem o consumo da ayahuasca no talk show com a psiquiatra Analice Gigliotti, na terça (05.09). “O chá, embora esteja presente em um contexto religioso, para algumas pessoas, que são mais vulneráveis ou predispostas, podem desencadear sintomas psicóticos”, destaca a presidente da ABEAD, a psiquiatra Alessandra Diehl.

Nizo Neto afirma que, ao fazer o alerta, foi hostilizado pelos ayahuasqueiros. “Eles são muito radicais. Eu recebi mensagens horríveis, as pessoas culpam a vítima: ah, seu filho era droga. Como você sabe? Conhece a história do meu filho? Tem aquela frase ridícula: a ayahuasca é para todos, mas nem todos são para a ayahuasca. Como assim? Isso é culpar a vítima, é terrível”, afirma o ator.

Há 7 anos, Rian Brito foi encontrado morto na Praia de Quissamã, no Rio de Janeiro. O corpo já estava em estado de decomposição. Um dos questionamentos de Nizo Neto é que no local onde o filho dele tomou o chá não houve nenhum tipo de anamnese. “Simplesmente, se preenche um formulário, um termo  para tirar a responsabilidade de qualquer coisa que possa acontecer. Muito provavelmente, ele (Rian) tinha alguma propensão psíquica e a ayahuasca foi o gatilho. Como você sabe se a pessoa tem ou não, algum distúrbio? Ele era absolutamente normal, nunca fez uso de nenhuma substância”, lembra Neto.

RISCOS DA AYAHUSCA

O uso do chá de ayahuasca pode ter riscos e efeitos adversos, assim como qualquer substância psicoativa. As consequências variam de pessoa para pessoa. Alguns dos riscos associados ao uso do chá de ayahuasca incluem efeitos físicos desconfortáveis, como náuseas, vômitos, diarreia, sudorese intensa, tremores, além de efeitos psicológicos como  experiências psicodélicas intensas e alterações na percepção, emoções e pensamentos.

O filho do ator começou a tomar chá alucinógeno por causa de uma desilusão amorosa. “Lá pela terceira ou quarta dose passou a apresentar sintomas estranhos, emagreceu muito, se recusava a comer, tinha 1,80m, chegou a pesar 50kg e dizia que se comesse estaria traindo a Deus. Ficamos preocupados, ele foi internado. Nesse entra e sai de internações, teve uma melhora, começou a retirar a medicação e retomou a vida “, conta o ator.

Segundo Nizo, Rian foi uma noite para a Praia de Quissamã, região dos lagos, no Rio de Janeiro, e passou quatro dias desaparecido. Ainda estava muito desnutrido, sem forças, quando entrou no mar e não conseguiu lutar contra a correnteza e morreu afogado.

“A ayahuasca faz bem para muita gente, mas recebi vários relatos de muita gente que surtou, foi ao suicídio. Não acho que se deve proibir, mas talvez o Ministério da Saúde ou Anvisa, tenham que fazer uma regulamentação para que isso possa ser administrado de uma forma responsável. É um absurdo não ter nenhum tipo de regulamentação”, ressalta Nizo Neto.

TRANSTORNOS RELACIONADOS AO USO DE DROGAS

O XXVII Congresso da ABEAD trará para discussão as políticas públicas de atendimento aos Transtornos Relacionados ao Uso de Substâncias e Transtornos Aditivos, também chamados comportamentais. O congresso, que é bianual, traz desta vez o tema “Diversidade: Eu, Tu, Eles…É Nós” para enfatizar que a adicção não é um problema apenas do usuário, mas de toda a sociedade e que é necessário uma soma de esforços para alcançar o objetivo comum: garantir políticas públicas coerentes e modernas, com assistência de qualidade às pessoas com transtornos por uso de substâncias e comportamentais e a seus familiares.

De acordo com a presidente da ABEAD, o debate deste tema é imprescindível diante da realidade brasileira na gestão das políticas públicas relacionadas ao tratamento, que ainda é cercado de ações sem suporte prático. “A ideia é que possamos englobar os mais diversos aspectos sendo debatidos não só no âmbito da saúde, mas também do Direito, da Assistência Social, da Enfermagem, com participação também de representantes do surf, do skatismo, entre outros. O Eu, Tu, Ele…é Nós! é para entender que todos são importantes para a construção dessa rede”, explica.

Veja todas as informações sobre o evento e programação completa no site da ABEAD: https://abead.com.br/site/congresso2023/

SOBRE A ABEAD

Atualmente, com sede em Porto Alegre, RS, a Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas (ABEAD) reúne psiquiatras, assistentes sociais, enfermeiros, psicólogos, advogados, líderes comunitários, conselheiros, professores, entre outros profissionais, que trabalham com Transtornos por uso de substâncias e dependências comportamentais no Brasil e no exterior.

Criada oficialmente em 1989, a preocupação dos profissionais da área da saúde em relação ao álcool surgiu no final dos anos 1970, em São Paulo, como um grupo interdisciplinar. Já no início da década de 1980 realizou o primeiro encontro nacional e, em seguida, ampliou o foco de estudos para outras drogas e as dependências comportamentais. Hoje a ABEAD é referência na discussão e implementação de  políticas de prevenção e tratamento do uso de drogas no Brasil e na América Latina. O Congresso, maior evento da associação, é realizado a cada dois anos.

Acesse abead.com.br e saiba mais.

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