A América do Sul segue sendo um dos principais mercados consumidores de cocaína do mundo, conforme mostra o último Relatório Mundial sobre Drogas da United Nations Office on Drugs and Crime (UNODC). A América do Sul, Central e o Caribe são as sub-regiões com a maior proporção de pessoas em tratamento de drogas devido ao uso de produtos de cocaína em todo o mundo.
Por Alessandra Diehl
Embora o tráfico e o uso de cannabis afetem todas as regiões do mundo, outras questões de drogas representam ameaças adicionais em diferentes áreas geográficas e localizações. O consumo de cocaína, por exemplo, na América Latina segue em alta. Segundo o último Relatório Mundial sobre Drogas da United Nations Office on Drugs and Crime (UNODC) publicado em junho de 2023, estima-se que 22 milhões de pessoas usaram cocaína em 2021, representando 0,4% da população adulta global. As Américas e a Europa Ocidental e Central continuam sendo os dois principais mercados consumidores de cocaína. A demanda na África e na Ásia aumentou nas últimas duas décadas, mas a demanda regional continua desigual e a falta de dados impede uma compreensão clara do nível de uso nessas duas regiões. A América do Sul e Central e o Caribe são as sub-regiões com a maior proporção de pessoas em tratamento de drogas devido ao uso de produtos de cocaína em todo o mundo. Cerca de 12% das pessoas em tratamento são aquelas que têm A cocaína como droga primaria ou de escolha como abuso na região das Américas.
O nível de fabricação de cocaína atingiu um novo recorde em 2021 de 2.304 toneladas (cocaína pura). Segundo o Relatório Mundial de Drogas as Américas são afetadas pelo aumento do tráfico de cocaína, com níveis recordes de fabricação da droga na América do Sul. As apreensões estão sendo realizadas cada vez mais perto dos locais de produção na América do Sul, onde a quantidade total apreendida é mais de três vezes maior do que a apreendida na América do Norte. A cocaína é traficada principalmente por via marítima e por meio de rotas geográficas mais amplas, com cerca de 90% das apreensões fora da América do Sul relacionadas ao tráfico marítimo. Economias de drogas ilícitas, crimes convergentes, deslocamento populacional e conflitos estão acelerando a devastação ambiental e degradando os direitos humanos, em particular em grupos vulneráveis em partes da Bacia Amazônica.
Após uma interrupção durante a pandemia de COVID-19, o mercado global de cocaína continuou a se expandir: o uso aumentou em todo o mundo na última década e o tráfico também está aumentando, com recordes de fabricação e apreensões. Áreas frágeis e afetadas por conflitos nas Américas também são notadas pela presença das missões de paz e políticas da ONU.
Este será um dos temas abordados na Mesa Redonda: Mulheres e dependência química: um fenômeno crescente. Coordenação: Daniela Matos (MG) – Diferenças de gênero e etnia nos resultados do tratamento de cocaína e crack e sua relação com trauma – Marco Aurélio Negreiros (RJ)
Inscreva-se agora! https://abead.com.br/site/congresso2023/