Por Selene Franco Barreto
O Dia Internacional de Combate às Drogas, celebrado em 26 de junho, é uma oportunidade para refletirmos sobre os desafios e estratégias na promoção da saúde pública, especialmente no contexto brasileiro. A data foi criada pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1987 com o propósito de sensibilizar a sociedade mundial sobre essa questão crítica, destacando a importância de promover iniciativas para combater os Problemas Relacionados ao Uso de Risco, dependência química e fortalecer a cooperação global para alcançar um mundo livre do uso nocivo de álcool, tabaco, medicamentos e outras drogas.
Em um país onde o consumo de substâncias psicoativas representa um problema de saúde significativo, profissionais de saúde desempenham um papel fundamental na prevenção dos riscos e no tratamento das dependências químicas. No Brasil, o consumo de álcool e outras drogas não apenas impacta indivíduos e suas famílias, mas também gera consequências socioeconômicas graves, afetando a produtividade no trabalho, aumentando os índices de violência e de acidentes de trânsitos, mulheres bêbedas na gravidez, síndrome alcoólica fetal (SAF) e assim sobrecarregando o sistema de saúde. Diante desse cenário, é imperativo que profissionais de saúde estejam bem-informados e preparados para lidar com as complexidades associadas ao uso abusivo de substâncias.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2021 mais de 296 milhões de pessoas usaram drogas em todo o mundo, representando um aumento de 23% em relação à década anterior. Esse aumento é alarmante e exige ações efetivas para prevenção e tratamento. Ainda de acordo com a OMS, o número de pessoas que sofrem de transtornos relacionados ao uso de substâncias também aumentou: em 2021, foram quase 40 milhões de pessoas afetadas por esses transtornos – que incluem dependência química, problemas de saúdem mental e física –, o que representa um aumento de 45% em dez anos.
A prevenção é o alicerce primordial na abordagem contra as drogas. Educadores, psicólogos, assistentes sociais, médicos, enfermeiros, terapeutas ocupacionais entre outros profissionais, desempenham um papel essencial na promoção de comportamentos saudáveis desde a infância até a idade adulta. Principalmente na família, onde o cuidado, orientação e informação começam. Programas educacionais baseados em evidências, que abordam tanto fatores de risco quanto de proteção, são fundamentais para capacitar indivíduos a fazerem escolhas conscientes.
Além da prevenção, é importante fortalecer políticas públicas que promovam o acesso equitativo a tratamentos eficazes e serviços de saúde mental. A integração de abordagens multidisciplinares, incluindo psicoterapia, suporte médico e intervenções breves e comportamentais podem garantir que aqueles afetados pelo uso problemático de substâncias recebam o apoio necessário para a recuperação.
Para os profissionais de saúde, a capacitação contínua em estratégias de intervenção precoce e manejo de crises é crucial. Compreender as nuances do uso, os fatores de risco individuais e territoriais, bem como as melhores práticas para o tratamento ajuda a oferecer suporte eficaz e compassivo aos pacientes e suas famílias. É necessário estar atento para:
- Desmistificar informações falsas sobre drogas.
- Priorizar a prevenção, promovendo educação e conscientização.
- Tratar as pessoas com respeito e empatia, oferecendo acolhimento e alternativas para ajuda.
- Liderar com responsabilidade e ética, buscando soluções baseadas em evidências científicas.
- Ter foco na abstinência, mudanças de hábitos, recuperação e prevenção de recaídas, educando o paciente e seus familiares sobre os efeitos das substâncias, estratégias de prevenção de recaídas e desenvolvimento de habilidades sociais e percepção de como lidar com gatilhos e situações de risco.
- Fazer avaliações abrangentes e individualizadas, realizando uma avaliação detalhada das condições físicas, psicológicas e sociais do paciente para compreender o contexto completo da dependência química e identificar necessidades específicas de tratamento, assim traçar uma conduta próxima a realidade de cada caso.
Neste Dia Internacional do Combate às Drogas, devemos renovar nosso compromisso em promover uma abordagem holística e baseada em evidências na prevenção e tratamento do uso nocivo de álcool, tabaco, medicamentos e outras drogas ilícitas. É através da colaboração entre profissionais especializados de saúde, políticas públicas eficazes e engajamento comunitário que podemos impactar positivamente e com eficácia a saúde e o bem-estar de nossa sociedade. Este compromisso fortalece nossa capacidade de prevenir, proteger e promover uma cultura de saúde e resiliência em todo o Brasil.
“Prevenção é uma Ato de Amor e de Mudanças”
Referências:
BARRETO, S. F.; PINTO, L. G. R. Dependência Química: uma história a se tratar. Rio de Janeiro: Medbook, 2022.
BRASIL. Ministério da Saúde. Biblioteca Virtual em Saúde. As pessoas em primeiro lugar: acabar com o estigma e a discriminação, reforçar a prevenção”: 26/6 – Dia Internacional Sobre o Abuso e Tráfico Ilícito de Drogas. Disponível em: “As pessoas em primeiro lugar: acabar com o estigma e a discriminação, reforçar a prevenção”: 26/6 – Dia Internacional Sobre o Abuso e Tráfico Ilícito de Drogas | Biblioteca Virtual em Saúde MS (saude.gov.br). Acesso em: 24 jun. 2024.
RELATÓRIO Mundial sobre Drogas 2023 do UNODC alerta para a convergência de crises e contínua expansão dos mercados de drogas ilícitas. [Sl/sd]. Disponível em: Relatório Mundial sobre Drogas 2023 do UNODC alerta para a convergência de crises e contínua expansão dos mercados de drogas ilícitas. Acesso em: 24 jun. 2024.
Selene Franco Barreto, CRP: 13.631-05
Psicóloga Clínica e Consultora de Empresa, Presidente da ABEAD (2023-2025).
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