Por Aline Coraça

A compreensão da motivação cíclica dos indivíduos que enfrentam problemas relacionados ao uso de substâncias é primordial para os profissionais que trabalham com essa população. A habilidade do profissional está em reconhecer os estágios motivacionais e buscar garantir o sucesso no processo de recuperação (FERREIRA, et al., 2015).

Os estágios motivacionais são parte do Modelo Transteórico de Mudança Comportamental desenvolvido por Prochaska e DiClemente na década de 1980 (PROCHASKA; DICLEMENTE, 2011). Esses estágios são divididos em cinco etapas: pré-contemplação, contemplação, preparação, ação e manutenção.

Pré-contemplação:

O estágio de pré-contemplação refere-se ao momento em que o paciente não reconhece ou não está consciente do problema relacionado ao uso de substâncias psicoativas. Nesse estágio, é fundamental promover a conscientização e a educação sobre as consequências negativas (comprometimento social, ocupacional, clínico e cognitivo) do uso abusivo, bem como dos benefícios da internação psiquiátrica (PROCHASKA; DICLEMENTE, 2011).

Contemplação:

O estágio de contemplação ocorre quando o paciente reconhece a existência do problema e começa a considerar a possibilidade de buscar tratamento. Nesse estágio, é importante fornecer informações detalhadas sobre a internação psiquiátrica, discutir os benefícios e as etapas do tratamento, ajudar o paciente a superar ambivalências e a tomar uma decisão informada (PROCHASKA; DICLEMENTE, 2011).

Preparação:

O estágio de preparação envolve a preparação prática e emocional para a internação. Nesse estágio, é essencial fornecer suporte e recursos para ajudar o paciente a lidar com as questões logísticas, como a organização da internação, o afastamento do ambiente onde ocorre o uso de substâncias e a mobilização do apoio social necessário durante o tratamento (PROCHASKA; DICLEMENTE, 2011).

 Ação:

Nesse estágio, a equipe multidisciplinar desempenha um papel fundamental na desintoxicação segura, na monitorização médica, na oferta de terapias individuais e grupais, no esclarecimento sobre recaídas, na implementação de estratégias de enfrentamento para lidar com a fissura e manejos de crise (PROCHASKA; DICLEMENTE, 2011).

Manutenção:

O estágio de manutenção refere-se ao período após a internação, quando o paciente continua o tratamento em serviços ambulatoriais. Nessa fase, é importante oferecer suporte contínuo, monitorar o progresso do paciente, promover a adesão ao tratamento e ajudar o paciente a desenvolver estratégias de prevenção da recaída (PROCHASKA; DICLEMENTE, 2011).

Recaída:

Embora a recaída não seja considerada um dos estágios, ela está presente ao longo dos estágios. No entanto, é importante considerar que uma vez que uma mudança tenha sido alcançada, não significa necessariamente que o paciente permanecerá nesse estágio. Muitos pacientes acabam sofrendo recaídas e precisam recomeçar o processo. Essa retomada nem sempre ocorre voltando ao estágio inicial; eles podem passar por várias etapas diferentes do processo antes de chegar a uma mudança mais duradoura, ou seja, ao término do processo. Isso ocorre porque a mudança de comportamento não segue uma trajetória linear, mas sim em ciclos. Portanto, é esperado que ocorram recaídas, ou seja, regressões para estágios anteriores do processo.

Fonte:

TREVELIN, A. C., 2023. Terapia Ocupacional e Transtorno por Uso de Substâncias: Intervenções nos Serviços de Saúde – uma Abordagem para Profissionais da Área. 1ª ed. Curitiba: CRV, 2023.

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