Por Alessandra Diehl

Em 12 de novembro, a Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas (ABEAD) estará realizando a segunda edição do encontro Dependência química: um hiperfoco nas famílias, na cidade do Rio de Janeiro, no Hotel Mirador em Copacabana. Os objetivos deste encontro são atualizar os profissionais da saúde, da educação e familiares de usuários de substâncias sobre o funcionamento de famílias que convivem com um ou mais membros dependentes químicos e suas dinâmicas dentro do sistema familiar, bem como discutir algumas possibilidades de intervenções familiares para que possam melhorar suas práticas clínicas e de atuação e compreender a importância da família em todo o processo de tratamento e recuperação. E por que esta temática é relevante?

É relevante porque estima-se que existam mais de 28 milhões de pessoas no Brasil convivendo hoje com um dependente químico em suas casas. Além disto, já sabemos também que a dependência química traz uma série de impactos sociais, psicológicos, financeiros e até mesmo físicos para a vida dos familiares que convivem com um ou mais de seus membros com problemas com álcool e outras drogas. Cerca de 58% das famílias relatam que sua habilidade de trabalhar ou estudar foi afetada pela dependência química de seu familiar, outros 47% relatam que o parente “incomoda ou atrapalha” a sua vida social, 29% está pessimista quanto a seu futuro imediato, 12% já foram ameaçados pelo familiar usuário de drogas e 45% tiveram suas finanças drasticamente afetadas por pagamento de tratamentos segundo dados de pesquisa com familiares realizados pela Universidade Federal de São Paulo em 2012. Dados do Programa Recomeço Família em São Paulo, por exemplo, reforçam que a violência doméstica é um marcador altamente presente nestas famílias.

Daí a importância de se colocar um hiperfoco nestas famílias dado a carga que suportam e, portanto, elas também precisam de cuidados. Sabemos que a família é um sistema! Para que haja o bom funcionamento e a sobrevivência deste sistema familiar, cada pessoa assume papéis específicos de acordo com suas próprias potencialidades e habilidades, bem como as necessidades de cada família. Com o passar do tempo é extremamente comum que o dependente de álcool, por exemplo, passe a não dar conta de suas tarefas e compromissos, e com isso, há sem que as pessoas percebam, um reposicionamento dos membros do sistema familiar a fim de impossibilitar que eles mesmos e o mundo externo percebam as deficiências do membro alcóolico, ou seja, o que chamamos de superfuncionamento e subfuncionamento. Esta troca de papéis para uma tentativa desesperada da manutenção do equilíbrio familiar gera o que chamamos de disfuncionalidade. A disfuncionalidade tende a aparecer na coesão familiar mais baixa. Assim como, na maneira que expressam seus sentimentos e os conflitos entre os membros tendem a ser maiores.

Os casais e as famílias precisam voltar a ter esperança e nós profissionais da área podemos ajudá-los neste processo!

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