Por Alessandra Diehl

“O pecado” comumente utilizado no contexto religioso para definir comportamentos ditos “transgressores” ou para qualquer violação que ocorre de forma deliberada e intencional da lei religiosa, da moral ou da vontade divina também parece ter seus ecos dentro das ciências das adições. Central para investigação desta temática é a compressão da questão do prazer, o qual pode ser ainda entendido por alguns como um pecado que pode levar a algo prejudicial ou alienante. As pessoas comumente usam substâncias para aumentar o prazer físico e psicológico. Neuroadaptações no sistema de recompensa cerebral, juntamente com mudanças no funcionamento social e nas redes resultantes do uso crônico de substâncias, impedem a capacidade de obter prazer de atividades não relacionadas a substâncias. A integração do prazer nos tratamentos existentes tem implicações transdiagnósticas convincentes para indivíduos em qualquer ponto ao longo de um continuum de gravidade do uso de substâncias. No entanto, como este prazer é apreendido, conceitualizado, manejado em contextos clínicos e metodologicamente investigado dentro de modelos de cuidados despatologizantes, eis a questão!?

Trabalhar dentro das culturas que tentam revisitar seus próprios diagnósticos organizacionais e da busca por melhorias nos contextos clínicos para que a estigmatização e a patologização do prazer e do uso de substâncias sejam minimizadas podem aumentar a entrada e permanência dos pacientes no tratamento. Além disto, a Organização Mundial da Saúde (OMS) já vem sinalizando para uma Saúde Mental Abrangente o envolvimento do usuário de substâncias nos serviços tende a tornar os mesmos mais inclusivos e responsivos às necessidades deles, pauta para políticas públicas desta área. Todos estes temas serão alvo dos nossos três ex-presidentes e palestrantes nesta incrível plenária.

 

Plenária 3- O pecado mora a lado?

  • Do pecado à doença: a patologização do prazer? | José Manoel Bertolote (SP)
  • Usar ou não usar, eis a questão! | Renata Brasil (RS)
  • Reflexões para uma política de álcool e outras drogas mais inclusiva | Joaquim Melo (RJ)

 

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