Mesa redonda do XXVII Congresso da ABEAD 

A codependência, uma terminologia da área das adições muito utilizada por grupos de mútua ajuda, pode ser definida como uma condição em que pessoas estão fortemente ligadas emocionalmente a uma outra pessoa com grave dependência física e/ou psicológica de substâncias ou com um comportamento problemático e destrutivo (como jogo patológico ou um transtorno de personalidade) causando sofrimento pessoal por este tipo de ligação. Sabendo dessa conceituação, vamos analisar como é o comportamento de um familiar frente a uma pessoa que esteja com um transtorno pelo uso de álcool e/ou outras drogas em sua vida. A primeira reação, em geral, é se perguntar: E agora? O que faço? Como vou restabelecer a ordem na vida de meu familiar? A família sofre um impacto devastador, que pode evoluir a quatro estágios:

– Negação: assim que se descobre que o familiar está fazendo uso de álcool e/ou outras drogas, não se consegue acreditar. “Não é possível que meu ente amado tenha entrado nesse mundo”. Chega-se a crer que tudo não passa de intriga. “Meu familiar? Impossível!!!”. Nesse momento é muito comum acontecerem episódios de tensão e desentendimento entre os familiares. Assim, instala-se o caos familiar.

– Preocupação exagerada: alguns membros da família passam 24 horas por dia pensando na questão, tentando controlar o uso da droga, bem como, as suas consequências físicas e emocionais tanto no campo do trabalho como no convívio social. É nesse momento que o familiar se torna “dependente de seu dependente”. Algumas falas são muito comuns neste contexto, tais como: “Só como se ele/ela comer” ou “Só durmo se ele/ela dormir”. As mentiras e cumplicidades relativas ao uso abusivo de álcool e drogas, em geral, instauram um clima de segredo familiar. A regra é não falar do assunto, mantendo a ilusão de que as drogas e o álcool não estão causando problemas na família. Isto porque a família sente medo do julgamento das outras pessoas; culpa por não ter “educado bem” seu filho ou filha e vergonha dessa situação, pois até o Transtorno por Uso de Substância (TUS) não se instalar no meio familiar, as pessoas, em geral, são muito rigorosas com aqueles que fazem uso de álcool e/ou outras drogas.

Desorganização familiar: é nesse momento que a família toma para si a responsabilidade de “cuidar” do seu ente querido, mentindo e se responsabilizando pelos atos da pessoa em questão, impossibilitando que a mesma arque com as consequências dos próprios atos. Muito comum, também, a inversão dos papéis, quando a esposa assume o lugar do marido que faz uso álcool e outras drogas de forma problemática ou dos filhos que assumem o lugar dos pais uma vez que estes estão totalmente desestruturados.

– Exaustão Emocional: a família percebe que seus esforços estão sendo em vão. Por mais que se esforcem, não conseguem chegar a lugar algum. Todos os membros dessa família estão impactados com possíveis transtornos de comportamento, das emoções, stress e prejuízo da saúde física com reflexo no surgimento de doenças psicossomáticas, hipertensão, diabetes, e até mesmo alguns tipos de câncer. A situação se torna insustentável. Os membros dessa família se afastam, e a desestruturação familiar se instala.

Este será o tema central desta mesa redonda durante o XXVII Congresso da ABEAD. 

MR 7- 04/09 – 14 às 15:30h – sala vermelha: Revisitando o fenômeno da codependência e das relações dolorosas

Coordenação: Dodora Soares (RJ)

  • Amor, paixão e romantismo: uma adição natural? O que os campos da sexualidade e do abuso de substâncias podem informar uns aos outros sobre este tema? – Roberta Paya (SP)
  • É sobre dar e receber. Como a codependência nos prejudica assim como outras adições – Romina Miranda (SP)
  • Estou me relacionando com um adicto que tem transtorno de personalidade narcisista: este amor é impossível Dr? – Décio Natrielli (SP)

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