Autora: Alessandra Diehl

O uso da maconha durante a gravidez e lactação é também um problema de saúde crescente e importante, pois pode afetar negativamente a saúde de mulheres grávidas e de seus bebês. As taxas de uso de maconha entre mulheres grávidas estão aumentando tão rapidamente quanto entre as mulheres não grávidas em idade reprodutiva. Na população obstétrica, a prevalência de uso de maconha tem variado entre 2% a 28%. Quando a maconha é consumida por gestantes, o principal princípio ativo desta droga, o tetra-hidrocanabinol (THC), atravessa a via placentária, a corrente sanguínea e também pode atingir o leite materno no período de lactação. Os resultados dos poucos estudos disponíveis são frequentemente conflitantes e as conclusões por vezes não podem ser generalizadas, pois alguns estudos geralmente incluem participantes com uso de polisubstâncias. Os efeitos da exposição in útero a outras drogas como álcool e crack têm sido mais amplamente estudados. No entanto, menos se sabe sobre os efeitos da maconha no crescimento e desenvolvimento fetal ou seus efeitos na saúde das gestantes.

A exposição à maconha durante a gravidez tem sido principalmente associada ao baixo peso do bebê ao nascer. Assim como, sedação, letargia e alteração do apetite do recém-nascido tornando a sucção do bebê mais difícil, o que impacta na qualidade da amamentação e a insuficiência do leite materno para o bebê. Além disto, já se observa alguns poucos estudos mostrando alterações no desenvolvimento do sistema nervoso central e prejuízo de memória, cognição e concentração.

Uma metanálise de 24 estudos, conduzida por pesquisadores da Universidade do Arizona em 2016 mostrou que as mulheres que usaram maconha durante a gravidez tiveram um aumento nas chances de anemia em comparação com mulheres que não usaram maconha durante a gravidez. Bebês expostos à maconha intraútero também foram mais propensos a precisar de internação na unidade de terapia intensiva neonatal em comparação com bebês cujas mães não usaram maconha durante a gravidez.

Assim, recomenda-se que o uso da maconha seja totalmente evitado durante esses períodos, uma vez que sabemos que não existem quantidades seguras para o uso dessa substância durante a gravidez e lactação. A abstinência durante a gravidez e na lactação tem sido a abordagem mais segura para redução dos riscos de danos.

Dado o aumento do consumo de maconha entre mulheres grávidas e as preocupações sobre as potenciais consequências negativas para a saúde das mesmas para o feto e recém nascidos associadas à exposição pré-natal à maconha e posteriormente também na lactação, é importante que os profissionais de saúde (principalmente as enfermeiras, as parteiras, os ginecologistas e os médicos de família) realizem os cuidados de forma abrangente e multiprofissional, com a inclusão de estratégias de rastreamento para o uso de maconha e outras substâncias (para todas as mulheres), o aconselhamento e educação em saúde os potenciais efeitos adversos do uso da maconha durante a gravidez, encaminhamento para serviços especializados (se necessário) e o manejo nos cuidados às gestantes e as que vão amamentar. Como o uso da maconha continua a se tornar cada vez mais socialmente aceitável em muitos países ao redor do mundo, compreender os efeitos na saúde materna e fetal deve se tornar mais uma prioridade e um chamado ao alerta global.

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