Autora: Aline Coração

Os papéis ocupacionais são representações sociais de como o sujeito se vê a partir dos papéis que desempenha. Esses papéis contemplam diversas atividades e abrangem as ocupações humanas que os indivíduos realizam em sua vida diária. Indivíduos se envolvem em ocupações, pois são necessárias para a sua adaptação e sobrevivência, para dar sentido a sua vida.

Pode-se afirmar que o conceito de papel é tradicionalmente central na teoria da terapia ocupacional. Com base nessa teoria, esse profissional identifica quais são os papéis que um indivíduo desempenhou no passado, aqueles que foram interrompidos e quais planeja retornar a desempenhar no futuro.

Os transtornos por uso de substâncias (TUS) provocam mudanças na estrutura e no funcionamento do cérebro. Seus efeitos causam diversas reações que contribuem para a perda de habilidades sociais, de motivação para as atividades da vida e do valor de sua identidade pessoal.

Diante desse processo, há dificuldade na manutenção dos vínculos sociais e afetivos e reduzida capacidade de resolução de problemas em qualquer área, além de apatia e desorganização diante das tarefas simples, dificuldade em manter compromissos, abandono de emprego e familiares, o descuido com a aparência e a redução da iniciativa para as atividades de vida diária, ou seja, o indivíduo assume a o uso de substâncias psicoativas como atividade principal em seu cotidiano, negligenciando, na maioria das vezes os papéis que realizava anteriormente.

A terapia ocupacional aparece nessa vertente, auxiliando no resgate dessas funções perdidas e principalmente na reconstrução da rotina diária. Entretanto, (re)estruturar uma rotina vai muito além de uma tabela com lista de atividades, isso qualquer um pode fazer e está muito longe de ser uma estratégia de intervenção exclusiva do terapeuta ocupacional. Essa ferramenta exige muito estudo científico e muita “técnica baseada na ocupação” para compreender a importância e significado do uso do tempo e dos padrões de desempenho ocupacional para qualidade de vida dos indivíduos. Exige uma avaliação aprofundada do histórico ocupacional, análise e realização dos papéis ocupacionais e o impacto no cotidiano do indivíduo e de seus familiares.

Mas afinal, o que vem a ser rotina?

São padrões de comportamento que são observáveis, regulares e repetitivos que fornecem uma estrutura para a vida diária, portanto, está relacionada ao padrão de desempenho ocupacional.

A (re) estruturação de rotina possibilita ao terapeuta ocupacional, auxiliar o indivíduo com TUS a reconhecer as perdas ocupacionais e sociais causadas pelo uso de SPA, reorganizando seu repertório social e ocupacional a partir de seus interesses, dentro de suas possibilidades, limitações e o contexto ao qual está inserido.

Referências bibliográficas

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