Por Alessandra Diehl
O Dia Mundial do Câncer é uma oportunidade para disseminar informações sobre prevenção e controle do câncer, e levar questões atuais sobre a doença à população em geral. Por isso, vamos conversar aqui um pouquinho sobre a associação do consumo de álcool com câncer.
Aproximadamente 4% dos cânceres em todo o mundo são causados pelo consumo de álcool, o que equivale a mais de 740.000 casos de câncer a nível mundial. O impacto do consumo de álcool na carga do câncer difere conforme o tipo de câncer, sendo que os cânceres do esófago, fígado e mama representam os casos de câncer mais atribuíveis ao álcool em todo o mundo.
O consumo de álcool, mesmo em níveis mais baixos, pode aumentar o risco de câncer e estimativas mostram que mais de 100.000 casos de câncer são causados pelo consumo leve e moderado de álcool o equivalente a cerca de uma ou duas bebidas alcoólicas por dia.
Para todos os locais possíveis de maiores chances de câncer associado ao consumo de álcool, existe uma relação dose-resposta sem limiar aparente: ou seja, quanto mais elevado for o nível médio de consumo, maior será o risco de incidência de câncer.
O álcool e seu metabólito acetaldeído podem impulsionar o desenvolvimento do câncer por vários caminhos. Muitas destas vias estão interligadas e mostram a complexidade e a amplitude do potencial nocivo do álcool. Por exemplo, a inflamação pode resultar em stress oxidativo, mas a inflamação é uma reação do sistema imunitário que é comprometido pelo consumo de álcool.
Apesar disso, há pouca sensibilização do público para a relação causal entre o álcool e o câncer e o consumo de álcool está a aumentar em diversas regiões do mundo. Estas informações devem ser usadas para diminuir a carga global de câncer, bem como de outras doenças e lesões atribuíveis ao álcool.
Dado o impacto do álcool no câncer, é necessário aumentar a sensibilização do público para esta super ligação entre o consumo de álcool e o desenvolvimento de câncer, principalmente para consumidores baixos e moderados de álcool, em particular no sexo feminino.
Alessandra Diehl
Psiquiatra, mestre e doutora pela UNIFESP, pós doutora pela USP de Ribeirão Preto. Especialização em dependência química e sexualidade humana. Membro do Conselho Consultivo da ABEAD