O Coronavírus nos mergulhou em uma enorme crise na qual fomos obrigados a ficar “conectados” com o medo e a nos manter distantes uns dos outros. Nossa vulnerabilidade tem sido esfregada “na nossa cara”, e parecemos lutar constantemente com a pergunta: “e se eu morrer amanhã?”.
Esse medo da morte e a constatação da finitude das pessoas que amamos parecem conduzir as nossas escolhas. Armazenamos alimentos, agentes antissépticos, remédios, agindo como reis do antigo Egito que levavam seus bens mais preciosos para seus túmulos. Já fizemos isso nos outros “fins do mundo”, quando estocamos água mineral, vela, e papel higiênico, itens que, de certo, nos pareciam essenciais do “outro lado” da vida. Se nós, de fato, morrermos amanhã não vamos necessitar de nada disso…
Assim, a pergunta que devemos fazer é: “e se nós NÃO morrermos amanhã?” O que devemos guardar e proteger? Nossos familiares? Nossa saúde? Nosso dinheiro? O que é prioridade?
Que recursos precisamos ter hoje? Devemos nos preocupar em pagar os carnês, ou aproveitar o fato de estarmos vivos para lembrar que dívidas podem ser renegociadas? Devemos, no dia de hoje, dizer “eu te amo”, mesmo que virtualmente, para quem sempre esteve conosco ou fazer uma carta de despedida? Se nós não morrermos amanhã, essa carte terá sido, no mínimo, uma grande perda de tempo, além de fonte de stress.
Este é o momento para repensarmos as nossas vidas como se fôssemos viver muito! A vida que levo me faz feliz? Eu aguentaria vivê-la “para sempre” ou tem um lado meu que não se importaria de morrer amanhã? Esse deve ser o grande aprendizado de uma crise desta proporção: reconstruir metas e reescrever sonhos. Ir a festas, tomar banho de mar e iniciar a academia podem fazer parte desses planos – ou não -, mas é algo para depois! Agora, finalmente, temos tempo para pensar nisso tudo! Alguns devem se questionar, e “se eu morrer amanhã?”. Bem, nesse caso, infelizmente, não terão nada com que se preocupar.
Muito importante esse trabalho!