O Dia das Crianças nos lembra da importância de cuidar do presente pensando no futuro.
Em função disso, destacamos 2 artigos recentes:
O primeiro aponta, como pontos centrais do ponto de vista protetivo, a capacidade da criança de engajamento em relacionamento com adultos, uma vinculação segura entre pais e filhos, coesão familiar e adaptabilidade, uma mãe acolhedora e com estilo parental de controle, pai com baixo estilo parental controlador, menor estresse parental e alto suporte social para a criança. Destaca ainda como fatores preditores de um melhor resultado em saúde mental: apego seguro mãe-filho, uso flexível de estratégias de enfrentamento (religião, planejamento e procura de apoio social) nas crianças e apoio dos pais. O efeito protetor do apoio parental, entretanto, era reduzido se o adolescente tivesse apresentasse muita impulsividade. Os achados sugerem que uma visão isolada dos fatores de proteção, sem considerar fatores influentes podem ocultar aspectos essenciais da eficácia dos fatores de proteção.1
O segundo é uma recente revisão sobre metas de intervenção para prevenir uso de substâncias em jovens expostos a adversidades na infância, e aponta a importância de mediadores a nível de comportamento individual, com destaque para quadros externalizantes, raiva e sintomas de estresse pós-traumático. Entre os moderadores de nível individual, religiosidade, orientação para o futuro e sintomas depressivos atenuaram a relação entre adversidades na infância e uso de substâncias. No nível interpessoal, as relações entre pares e as relações mãe-filho mediam o efeito da adversidade no uso de substâncias. Moderadores incluíram ainda coesão familiar e qualidade de relacionamento. Fatores da comunidade foram menos estudados, embora mobilidade escolar e desempenho educacional tenham participado da mediação da adversidade infantil no uso de substâncias. Os alvos identificados devem ser usados para intervenções de prevenção do uso de substâncias para jovens expostos a adversidades na infância, ou adaptações de programas de prevenção existentes. A revisão destaca que a exposição à adversidade na infância não é uma sentença de vida. Numerosos mediadores e moderadores da relação entre adversidade e o uso de substâncias apontam para a complexidade dessa relação e oferecem esperança para vários pontos de intervenção.2
¹ Protective mental health factors in children of parents with alcohol and drug use disorders: A systematic review. Wlodarczyk O, Schwarze M, Rumpf H-J, Metzner F, Pawils S (2017) PLoS ONE 12(6): e0179140. https://doi.org/10.1371/ journal.pone.0179140
² Targets for intervention to prevent substance use in young people exposed to childhood adversity: A systematic review. Grummitt L, Kelly E, Barrett E, Keyes K, Newton N (2021) PLoS ONE 16(6): e0252815. https://doi.org/10.1371/ journal.pone.0252815