Autora: Alessandra Diehl

Sabemos que a exposição de crianças e adolescentes ao abuso de substâncias parentais está associada a vários resultados negativos, incluindo o uso nocivo de substâncias, problemas emocionais, comportamentais, educacionais, criminais e outros problemas sociais. Estudo de tese de doutorado da UNIFESP de Thais dos reis Vilela de 2021 buscou investigar a prevalência de problemas emocionais e comportamentais, o uso de substâncias e a exposição à violência doméstica em crianças, adolescentes e adultos jovens que convivem com familiares que sofrem com transtornos relacionados ao uso de substâncias em uma comunidade de alta vulnerabilidade social da cidade de São Paulo.

Trata-se de um estudo de corte transversal com uma amostra de 101 crianças entre 6 e 11 anos, 102 adolescentes entre 12 e 17 anos e 90 adultos jovens entre 18 e 31 anos. Child Behavior Check List (CBCL), Youth Self Report (YSR), Adult Self-Report (ASR), Drug Use Screening Inventory (DUSI), Inventário de Frases no Diagnóstico de Violência Doméstica (IFVD), Childhood Trauma Questionnaire (CTQ), Fagerström Test for Nicotine Dependence (FTND), Alcohol Dependence Data Questionnaire (SADD) andDrug Abuse Screening Test (DAST) foram os instrumentos utilizados.

Os resultados dos questionários de avaliação emocional e comportamental mostraram 27% de escores clínicos para Problemas Internalizantes, 32,8% para Problemas Externalizantes e 34,1% para Problemas Totais. Essa população tem alta exposição a abusos e maus-tratos. Os resultados do CTQ apontaram que 43,3% sofreram abuso emocional, 31,1% abuso físico, 11,1% abuso sexual, 80% negligência emocional e 83,3% negligência física. Do total, 20,4% são usuários de álcool e 7,3% são usuários de maconha. Álcool e maconha são usados com mais frequência por homens do que por mulheres.

Além disso, o grupo masculino apresentou maiores índices de problemas emocionais e comportamentais, maior exposição a situações estressantes e maiores problemas com a lei. O estudo corroborou para o entendimento de que crianças e adolescentes expostas a usuários de substâncias em suas famílias apresentam mais problemas de saúde mental do que a população em geral. Este é um subgrupo da população cujo risco de desenvolver transtornos mentais é significativamente maior do que a média, e deve ser alvo de uma intervenção seletiva como parte do plano de tratamento de seus pais.

 

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